terça-feira, 24 de junho de 2014

O adestramento de bebês (um post um pouco mais sério do que de costume)

Lendo algumas centenas de artigos na internet sobre criação, bebês, cotidiano da criança, métodos eficazes e etc, me deparei com uma sensação: me parece que a grande maioria do teóricos infantis querem ADESTRAR as crianças desde o seu nascimento. Parecem esquecer que tratamos de pequeninos seres humanos e não cachorros. Seres humanos que, por mais instintivos sejam, tem vontades e desejos como todos nós - adultos que raciocinam e refletem sobre sua vida, tão livres quanto os passarinhos (só que não!).

A impressão que me dá é que nos deparamos com uma gama de pediatras, médicos, filósofos, palpiteiros e tantos outros que se convenceram - e querem nos convencer - que o correto é adaptarmo-nos (e as nossas crianças) à pressão da sociedade capitalista. Sociedade focada no trabalho e num cotidiano rígido, de horários rígidos, com regras rígidas, rígida, rígido, rígidas, rígidos... AAAHHH!!! Se a gente que é adulta não gosta, não se adapta facilmente, porque cargas d'água queremos que nossxs filhxs gostem e se adaptem logo, rápido e rasteiro a isso???

"Não se deve pegar o bebê no colo para não mimá-los". Oi? Como se mima um bebê? Dando atenção e segurança necessárias e, ao mesmo tempo, evitando que chorem?

"É bom deixar chorar um pouco no berço, pois senão eles vão chorar sempre". Ah, tá! Então quer dizer que você gosta de ficar chorando cântaros, se esgoelando, sozinho no escuro dentro de um cercado, sem ninguém para te consolar... Aham!

"Não se deve deixar a criança dormir na sua cama ou no seu quarto depois de 3 meses, senão eles nunca irão dormir sozinhos". É, até hoje sinto falta de dormir com meus pais na cama deles. Nossa! Como eu queria dormir no quarto deles: eles, eu, meu companheiro e meu filho.

"Tem que tomar cuidado, pois crianças podem ser manipuladoras se não derem-lhe limites" Sim, isso faz todo o sentido do mundo... Como se essa necessidade de colocar regras e limites não fossem uma forma de manipular as crianças.

Meu companheiro tem um adesivo colado em seu laptop com uma frase do Michel Odent, "Para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a forma de nascer" - o adesivo foi uma forma dele contribuir para o filme "O renascimento do parto". Não concordo por inteiro com essa frase, mas acho que entendo o objetivo dele ao falá-la. Existe um esforço imensurável em desde a concepção em fazer da criação uma reprodução do ser ao nosso modo de vida. Leio nessa frase uma tentativa de dizer que para mudar o mundo é necessário romper com as teorias e formas de criação que tentam criar pequenos seres adaptados ao mundo onde vivem. Aceitar as regras e os limites desde sempre, para mim, é criar adultxs adaptadxs e não adultos transformadores (taí minha parte militante falando alto!).

Isso vai mais além do que simplesmente criar uma criança capaz de respeitar as pessoas, ser sensível e solidária, de saber distinguir o certo do errado etc etc etc... Se fosse isso, viveríamos num mundo de arco-íris... E não vivemos! Não vivemos num mundo em que as diferenças são respeitadas - culturalmente, socialmente, individualmente falando. Vivemos num mundo oposto a isso! Acredito que existem pessoas adultas que já perceberam isso e que fazem de tudo para mudá-lo. Mas também vejo que muitas dessas pessoas, sem querer (e acreditando nessas teorias), acabam por optar por uma criação adaptativa e não transformadora.

Companheiros de luta, extremamente esclarecidos e compreensivos, que não percebem, ou simplesmente não acreditam, nas suas capacidades enquanto pais e mães em criar seus filhxs a sua maneira. Focam mais na rigidez do que no afeto, focam mais em pensar no problema do mimo do que aproveitar o contato físico, focam no medo de seus filhxs serem pequenxs manipuladorxs e mandarem nelxs do que focar em demonstrar e falar sobre o amor que sentem por eles.

Só quero deixar muitíssimo claro: a pior mãe do planeta não tem teoria NENHUMA! Não tenho estudo nem habilitação para dizer o que é certo ou errado, inclusive, não acredito muito nessa dicotomia aí. O que tenho é um incômodo em relação a essas teorias pois, para mim, mais uma vez, me fazem acreditar que é sim uma adaptação ao nosso modo de vida - capitalista, focada no trabalho, com horários rígidos e que necessitam de adultos obedientes e facilmente reprimíveis.

Como péssima blogueira, serei piegas e com muito orgulho: o AMOR é transformador! Principalmente quando estamos falando de crianças.

Voltando a frase do Odent, o parir de um jeito diferente, sem massivas intervenções médicas e admitir que a grande maioria das mulheres sabem parir - mesmo com tanta tecnologia disponível - pode ser um admitir que mães e pais são capazes sim de criar seres sem grandes intervenções externas. E isso é transformador. Pois, como assim você conseguiu parir sem um médico te dizendo o que fazer? Como assim você conseguiu criar uma criança sem castigá-la, puni-la, ser rígido e não mimar?

Acho que esse post tem muitas nuances e muitos níveis de discussão, por isso vou terminá-lo aqui e retomarei os vários assuntos aqui abordados em outras postagens. Porém, deixo aqui uma provocação: estamos criando nossas crianças e filhxs para serem adultxs transformadores ou facilmente adaptáveis?

Como a pior mãe do planeta, sempre vou questionar as teorias que apresentam caminhos fáceis de criação por meio do adestramento. Como militante, minha experiência diz que nenhum fim justifica o meio, inclusive é o meio que faz chegar a um fim. E, para mim, querer uma criança obediente, quietinha, "boazinha" dentro de casa é querer uma criança adestrada.

(Mas vai que eu queimo a minha língua...)

segunda-feira, 16 de junho de 2014

A volta! (ai ai ai ui ui)

Bom, semana passada foi impossível fazer uma postagem... Que bom!

Brincadeira! Mas é que teve um motivo, um bom motivo. Como já disse: tudo comigo é a passos de formiguinha na velocidade de uma tartaruga. Isso em todos os momentos da vida: minha maior autonomia como mãe, meus relatórios para o trabalho, arrumar a casa após mudança (ainda tem caixa para arrumar!) e, o que me deixou bem feliz, a volta oficial a minha militância - aquela organizada, centralizada, focada, etc etc etc no PSTU (já disse que mesmo com diferenças políticas com os possíveis leitores, isso não muda... rsrsrs).

Fiz o esforço necessário e fui bem recompensada, foi pouco, mas foi o suficiente! Fiquei tirando leite desde o dia anterior, combinei todos os cenários possíveis e imagináveis com meu companheiro, caso desse algo errado ou surgisse alguma emergência, e fui lá passar 5 HORAS longe do meu pequeno risonho. Nossa, 5 HORAS sem Paco! 5 HORAS sem saber de choro, de riso, de leite, de fralda, de nada a ver com ele (diretamente falando, porque minha militância, na verdade, tem tudo a ver com ele).

Foi tão bom! Foi bom saber que é possível fazer isso: é possível fazer parte de algo tão importante para mim como pessoa mesmo, algo que me define de um jeito tão grande, e ao mesmo tempo saber que a criança sobrevive sem mim por algum tempo. Em breve, isso tudo fica mais fácil e aí a própria criança já vai poder fazer parte desse mundo de forma mais tranquila - até porque há um grandíssimo investimento para que Paco faça parte da nova geração que dirigirá a revolução. Mas por enquanto não dá! E isso não quer dizer que não deve dar para mim.

E, claro que inspirada nisso, fui ao ato aqui no RJ no dia seguinte. Fomos eu e meu companheiro (relembrando, ele é PSOL e eu PSTU, isso tem que ficar registrado!). Deixamos a criança com a minha mãe (aquela que tem uma puta de uma vocação para ser avó) e fomos lá, nós dois - e mais umas 5 mil pessoas! =]

Essas coisas me inspiram. Inspiram tanto a minha esperança de que a minha intervenção na sociedade faz diferença quanto a minha atuação como mãe faz diferença no meu filho.

Dessa vez foram menos horas sem a criança: somente 3 horinhas - também tirei leite e deixei minha mãe com milhares de recomendações! Também valeu a pena. Até porque, todo mundo que reencontrei na 4a e na 5a ficaram tão felizes em me rever, foram tão receptivos e completamente compreensivos com o fato dessa mãe de primeira viagem conseguir sair de casa sozinha, sem nada e ninguém, somente agora. Sem falar que o meu filho já foi eleito a criança mais fofa, bela, linda, gostosa, simpática, sem comparação de 2014 (e ai de quem disser o contrário)! =P

É uma boa perspectiva essa em que se vê que tudo é possível com umx filhx. Inclusive, as possibilidades tendem a aumentar... Vai que essa dele fazer parte da direção da revolução cola mesmo!

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Meu pequeno risonho

Meu filho ri! Sim, ele só tem um pouco mais que um mês de vida e ri.

Acho isso muito engraçado, pois tenho total consciência de que é mero reflexo da minha própria expressão facial. Porém, faço questão de dar bom dia de manhã quando ele acorda, com um sorriso bem legal no rosto somente para vê-lo abrir aquela boca banguela deliciosa para mim. Ele faz um cara de maroto!

Antes de perceber que ele sorri para mim quando sorrio para ele, achava que Paco era um bebê chorão. Coitado! A cólica me fez achar que ele faria parte de uma dessas crianças que chora e chora e chora e... Tal pensamento me deu certa aflição - assim como em meu irmão quando numa certa vez veio com a pergunta: "mas Julia, essa é a realidade?", devo confessar que caí na gargalhada -, mas logo percebi que se assim fosse, assim seria. Não o é, para meu alívio...

Ele é desses que fica com os braços abertos e as pernas balançando, deitado de costas no sofá e rindo para quem conversar com ele. Pode ser uma ilusão minha (de mãe sem noção) também... Como acho que ele é tranquilo quando não sofre de cólica e prisão de ventre (o mais novo problema que o aflige), defendo com unhas e dentes sua serenidade e felicidade! (E ai de quem fale o contrário!).

Diante da aflição inicial, repito e reitero: fico extremamente aliviada em saber que ele é uma criança tranquila! Sério, provavelmente eu serei uma mãe menos pior por causa disso... Ou teria que desenvolver uma paciência materna que não viria só com o amor, mas com o tempo! Sem falar que a vida fica mais tranquila, e eu gosto muito de pensar nesses termos.

Os problemas vão aparecer, antes era a cólica, agora é a prisão de ventre, que acarreta num outro problema: a falta de sono... É um conjunto de coisas, uma conjunção de fatos/problemas/questões/resoluções/sentimentos que dão aflição - em mim, no meu irmão, no meu companheiro, na minha mãe...