sexta-feira, 22 de agosto de 2014

A sugestão do suco de laranja que partiu meu coração

Meu filho caga uma vez por semana! Não sei se ele tem prisão de ventre ou não... Ele antes sofreu com cólica e agora sofre de prisão de ventre. O pequeno ENCHE a fralda de cocô uma vez por semana. É um cocô fedidíssimo (velho), pastoso quase duro (velho) e com cor escura e forte (velho) - diferente desses esperados, que são meio alaranjado e cheio de pontinho branco.

Isso nos dá uma certa preocupação. Não sei se é porque ele produz poucas fezes ou se de fato o intestino dele não colabora. São algumas teorias que surgem na cabeça da pediatra dele, na minha cabeça e na do meu companheiro. Um dado importante: Paco é magro e, segundo aquele gráfico filho de uma égua na caderneta dele, ele aparece entre as linhas vermelha e preta (o que deixa a avó dele meio desesperada, que por consequência deixa a MIM meio desesperada)... Sinceramente, desencanei disso... Mas não do cocô!

Me deixa intrigada e preocupada, porque penso e sei que prisão de ventre é algo muito incômodo. Quem tem, sabe como é! Um cocô... (Só que sem cocô!) Dá para perceber que tem algumas semanas que ele sente um desconforto. Tem dificuldade para dormir às vezes e costuma ser na época em que está mais longe do dia em que conseguiu cagar. Tadinho...

Além dessa óbvia preocupação que me deixa cabreira, tem a tal da opinião alheia. A opinião alheia sobre o que você deve fazer sobre alguma coisa qualquer que seu filhx possa estar tendo é de matar! Vou ser justa: tem pessoas que são sensatas e que conseguem simplesmente dar a opinião sem impor ou dar uma sugestão baseada na relação entre teoria e prática (não confundir com pragmatismo, por favor!). Agora, quem costuma abrir a boca para falar algo faz de forma impositiva, bastante julgadora e com uma certeza que me dói!

Costumam completar a frase, qualquer frase (!), com: "eu fiz assim e deu certo", "na minha época se fazia desse jeito", "eu não entendo o porque disso agora", "um monte de teoria, teoria, teoria... o que conta é a prática!", "isso, na minha época, não fazia mal algum", etc etc etc... E, na maioria das vezes, não se conformam quando você faz diferente delas ou tem uma opinião contrária/oposta. Mas, pessoas são pessoas, né?! =P

Enfim, para ser sincera, não me incomoda, não me incomoda mesmo... (Só quando me enchem o SACO!) Já me incomodou mais. Quando você traz o seu filhx para casa, VOCÊ quer cuidar dele, por maior que seja o medo que ronde sua cabeça... Isso é fato! Então, qualquer coisinha que te falem costuma ser incrivelmente incômodo, até por que, a gente está muito frágil e insegura nessa época. Depois, tudo fica mais fácil e se está com mais certeza sobre como se quer criar e cuidar de filhx. Você relaxa!

O problema mesmo é quando a opinião contrária a sua vem de dentro da sua casa. =/

Acho que foi a primeira vez que de fato não gostei de algo que Matheus me disse. Acho que foi a preocupação com o cocô. Só sei que ele me veio com a frase: "acho que a gente devia tentar um suco de laranja lima para ver se solta". Caralho! Não! A gente concordou que não ia recorrer a qualquer outro alimento antes dos 4 meses, senão o peito, e sem auxílio da pediatra! A gente concorda que o leite materno é o melhor para o bebê até os 6 meses! Como, como, como assim você me vem com essa?!

Sério, eu fiquei chateada... Poxa vida... A gente não recorreu a fórmula quando fomos alarmados sobre o pesos do Paco, aí vamos recorrer a laranja lima por causa de um cocozinho? Poxa vida...

Não concordei... Não mesmo... Eu sei que muitas pessoas recorrem a chá e suco e que fazem uso da fórmula. Não julgo, não falo contra, não acho errado, nada disso, mas isso não é uma opção para mim. Não gosto de fórmula, acho ruim, costuma causar prisão de ventre e não se iguala nem de perto ao leite materno. Acredito que seja necessário em último dos últimos casos! Para mim, o melhor é incentivar a mãe a ordenhar muito e tentar estimular ao máximo a pega e a produção de leite.

Não recorri ao chá quando ele teve cólica. Não é bom dar água antes dos 6 meses. Gera saciedade e isso confunde o bebê. Além disso, o leite materno é o melhor alimento para ajudar a amadurecer o intestino e não causa cólica. Pelo contrário, com a pega correta no bico do peito, ajuda, pois o movimento intestinal faz com que o bebê solte os gases. A única coisa a qual recorri foi a simeticona, já que ela não fica no organismo. É eliminada junto dos gases.

Para a prisão de ventre, recorri duas vezes ao supositório de glicerina, por indicação da pediatra e porque o excesso de fezes estava incomodando por demais a criança. Senão, teria esperado a eliminação sem nada... O supositório também não é absorvido pelo organismo, é absorvido pelas fezes, que amolecem e saem. Às vezes nem se desfazer acontece. O simples toque provoca a cagada! Por isso, não precisa de suco de laranja lima para fazer soltar. Não precisa de suco de laranja lima para ser absorvido pelo organismo e não ser totalmente eliminado. Não precisa de suco de laranja lima para nada nesse momento da vida dele.

Para não usar o supositório, recorri a algo melhor: uma massagem depois do banho quentinho. Movimentos circulares, da direita para a esquerda com um óleozinho próprio para bebê! Cagou no dia que fiz isso! Ou seja, para mim, pessoa que é "a pior mãe do planeta", a tentativa foi acertada... =]

Moral da história: não deixe de tentar algo que acha você acha que é correto para sua cria... Sério! Insegurança é um sacooooooooo...!!!

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Os dias sozinha... com o pequeno... E ponto!

Bom, teoricamente, era para eu voltar ao trabalho essa semana, fim da minha licença-maternidade. Era para o Paco ir para casa dos avós, quase que todos os dias. Era para eu começar a introduzir uma sopinha de legumes que a pediatra me passou para as horas sem leite materno. Era para um monte de coisa tá diferente... Mas não!

Essa semana não voltei a trabalhar, pois o programa em que estava inserida passou por uma reformulação, e por reformulação lê-se: diminuição de equipes, pessoas sendo dispensadas, menos lugar para intervir, etc etc etc. Agora, preciso mendigar uns trabalhos para serem feitos em casa... Aliás, quem estiver precisando de tradução/versão Inglês-Português, revisão de Português e adaptação de artigo para ABNT, estamos aí! ;]

Enfim, por essas e outras, me encontro sozinha com meu filho por muitos momentos e dias da semana. Minha mãe me ajuda dois dias da semana (isso oficialmente, oficiosamente chega a 4, entre finais de semana), dias esses em que foco na tentativa de começar um estudo. Necessário para ver se dou uma mudada por aqui nas coisas e consigo um trampo melhor.

No entanto, pouco consigo fazer pela casa e por mim... Isso gera uma certa angústia! Mesmo se passando 4 meses, ainda não sei direito como fazer um cotidiano que funcione. É estranho! Não consigo de fato desviar minha atenção do pequeno para dividir com outras coisas quando estou sozinha. Ainda preciso de gente para funcionar melhor - ou funcionar e ponto!

Claro que não dá para apressar nada. Disso eu sei! Minha mãe desde o começo me fala que isso não cabe, tudo tem seu tempo. Sei também que tudo é processo (inclusive, tenho uma amigona minha que sempre me sacaneia, porque tudo para mim é processo, tudo mesmo!). É meio solitário, às vezes (muitas vezes, para ser sincera). E engraçado, pois tenho uma constante companhia, mas que não é uma companhia em si. É difícil definir... É filho e ponto! Alguém que precisa de cuidado e atenção... E ponto!

Não adianta, só consigo começar e terminar uma tarefa quando ele dorme ou quando mais alguém está comigo. Para você ver, comecei a escrever essa postagem na quarta e só tô acabando agora! (Vamos fingir que comecei a escrever a postagem a tempo de publicar no dia certo, tá?!) Quase três dias inteiros para postar... E olha que nem é uma postagem assim, de grande profundidade. Quer dizer, isso eu não sei.

Faz três semanas que não milito de verdade, que tô começando a estudar - mas que não tá passando de muita preparação para pouca ação -, que tento fazer um dia-a-dia de arrumação da casa... É pesado pensar isso tudo! Não que eu faça isso tudo sozinha, mas é mais pesado para mim, não adianta. Como eu tenho dito, as pessoas subestimam o que é dar de mamar de hora e meia em hora e meia. É uma exigência fisiológica, é um cansaço que dá de fato! É perda calórica!  Sem falar que acorda-se todo dia no meio do sono! O corpo sente... A mente sente... Tudo sente!


E as exigências não acabam... As que tu faz para si mesma, então! Essas, nem se fala! Oh, céus, porque eu penso?! Porque eu simplesmente não curto?! Por que não dá... É isso e ponto!

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Isso não é uma democracia! Isso é uma família!

O título dessa postagem é uma máxima minha que roubei, desde que ouvi no filme "A Partilha" e constituí família (o filme vi tem anos, a família foi feita rapidíssima esse ano), falo e reproduzo sem parar. Por favor, não achem que eu seja a pior mãe do planeta por que serei uma mãe autoritária e que meu filho terá que fazer tudo que eu mandar sem me questionar. Por favor, NÃO!!! Eu sou a pior mãe do planeta exatamente pelo contrário: a permissividade! o.0

Mas vamos combinar que é mais ou menos isso: famílias não são democráticas, elas são famílias e ponto. Imbuídas de moralismos e conservadorismos que, por mais que queiramos evitar, ditam muitos pensamentos nossos meio às vivências do cotidiano. Inclusive, família é tão não-democrática que, eu como mãe (e provavelmente meu companheiro também), lutamos contra essa característica desde que Paco nasceu.

Eu e Matheus conversamos sobre a criação de Paco quase que todo dia! E, antes mesmo do Matheus (e do Paco), eu já tinha pensamentos próprios... Pensamentos que rechaçam não concordam com a ideia de que "criança não sabe e, por isso, cabe aos adultos ensinar", "criança não tem que querer", "eu [pessoa adulta] sei o que é melhor para você [pessoa criança]", "mãe tem que dizer não(!)", "uma palmadinha [cheia de 'inhas' na entonação] não dói", etc etc etc... Eu ODEIO cada uma dessas frases. Odeio MESMO!

(Nesse momento, com certeza vai ter alguém que vai pensar e até mesmo falar "quero ver só quando chegar a hora, se vai ser toda compreensiva" ou "iiihhh, essa criança vai ser sem limites, um tirano em potencial")

Meu companheiro fala que vivemos numa sociedade "adultocentrista". Um lugar onde focamos nx adultx, nas vontades dxs adultxs, na "sabedoria" dxs adultxs, nas decisões dxs adultxs... De fato, ela é uma sociedade muito adulta: tem respeito quase que nenhum pelas crianças. Criança não tem opinião! E, desde que tive a incrível experiência de trabalhar com crianças e adolescentes, me chateia muito saber que o que é incentivado é criarmos crianças - pequenas pessoas, futurxs adultxs - a reproduzir e fazer tudo sem questionar, sem refletir - ou só refletir quando queremos que reflita e sobre algo que já temos uma conclusão na qual queremos que elas cheguem.

Daí eu não entendo uma coisa: COMO A GENTE EXIGE UMA MUDANÇA DO MUNDO SE NÃO PERMITIMOS QUE AS CRIANÇAS QUESTIONEM E MODIFIQUEM A NOSSA FORMA DE PENSAR???

Carambolas!!! Será que não dá para compreender que se a gente quer que as crianças somente reproduzam os nosso pensamentos, elas vão fazer isso do início ao fim das vidas delas? Criança tem vontades, e não é a sua nem a minha vontade. Criança tem opinião, e não é a sua ou a minha opinião. Criança adquire conhecimento, pois tem uma sede absurda de curiosidade. Criança tem uma forma própria de investigar o mundo e tudo que a gente faz é limitar cada vez mais essa forma. Limitamos cada vez mais a vontade de conhecimento das nossas crianças.

Chego a conclusão de que, se a "Democracia" que queremos preservar é essa que impomos às crianças, de fato, esse troço aqui que eu construo não é uma democracia, é uma FAMÍLIA! E espero que uma das mais BÁRBARAS!!!

terça-feira, 29 de julho de 2014

Relato de parto... HUMANIZADO!

Demorei demais. Devia ter iniciado meu blogue com essa postagem. Porém, não seria "a pior mãe do planeta"... Por isso, aqui vai meu relato de parto (ou o que me lembro dele!).

Meu relato começa a partir do dia anterior ao trabalho de parto em si, pois encaro o TP desde a percepção da parturiente das contrações irregulares que "chamam" sua atenção para parto até o nascimento da criança. Por volta da 1h da manhã do dia 21 de abril desse ano, comecei a ter contrações que nunca tinha sentido durante a gestação. Eu e meu companheiro nos ligamos que era o início da fase de total mudança de nossas vidas.

Ligamos para meus pais, para a minha doula Rebeca, nos encontramos na nossa casa e fomos para a maternidade (Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda), que é a referência em parto humanizado no serviço público de saúde. Não fui admitida, pois após um toque de dor inenarrável foi feito - estava com dois centímetros e o colo do útero completamente para atrás ainda. Depois de fazer uma cardiotocografia (exame que mede o batimento cardíaco do feto), voltei para casa, onde ficamos na expectativa do nascimento- a minha estadia antes da minha liberação merece uma postagem por si só para falar de uma parturiente que me chamou a atenção.

Passamos o dia comigo tendo contrações esparsadas. Um casal de amigos aproveitaram para me visitar e ficaram espantados com a nossa tranquilidade. Aliás, eu não tinha feito meu plano de parto e acabei fazendo com eles e explicando alguns pontos. Um deles faz medicina e está quase se formando o que foi bom para me explicar algumas coisas. O outro não tinha nem ideia de como o movimento feminista enveredou tanto para discutir e impedir a violência obstétrica que não sabia que um parto pode ter um plano só seu. Achava que todos são iguais e ponto final.

Após um dia inteiro de algumas delícias culinárias realizadas, e compartilhadas no facebook, pelo Matheus, o início de um filme que teve que ser interrompido e alguns exercícios na nossa bola verde de exercício, por volta das 1h da manhã (mais uma vez!), contrações muito regulares e um pequeno sangramento nos avisaram de que dessa vez a ida para a maternidade seria definitiva! A partir daqui minha memória não é lá muito confiável, mas vamos que vamos...

Dessa vez minha mãe deixou o carro com a gente! Fomos direto para o MMA e nos encontramos - mais uma vez - nós, meus pais e minha doula. No caminho para a maternidade teve companheiro avisando de contração - que eu já sabia que estava super regular -, caminhão de lixo no meio e muita contorção minha (parir dói!).

O MMA respeita a presença da doula no quarto de parto junto a parturiente e ao acompanhante - o que é maravilhoso! -, mediante assinatura de um documento descrevendo o que se pode ou não ser feito durante esse processo.

Mais uma vez, o famigerado toque foi necessário para a minha admissão. Mas esse não doeu, já tava tudo esquematizado: colo para frente, 4 centímetros de dilatação, bolsa íntegra. Mais uma vez a cardiotocografia. Tudo tranquilo... Eu tava louca para chegar logo no quarto e ficar pelada debaixo do chuveiro quente! E foi o que aconteceu... Uma explicação: o chuveiro quente é ótimo para a dor, mas acelera as contrações, então, já viu, né?!

Não foi como pensei, tinha que sair debaixo do chuveiro, mas ao mesmo tempo, o quarto era extremamente gelado - ar central (PQP!). Me sequei, pus um avental, sentei na cadeira tipo cavalinho dentro do banheiro com o chuveiro ligado para ficar mais quente. Nada confortável! Deixa eu me levantar e colocar um casaco para ir para a cama... Tentei andar, doia mais. Tentei ficar apoiada na cama, tava cansada demais para ficar em cima das pernas. Finalmente, sentei na cama com meu companheiro me aparando sentado por trás - e a bola de exercício apoiando ele -, nesse momento chega a médica que me pergunta se pode fazer o toque para eu saber a quantas andava a dilatação - pedir para fazer o toque é o correto, médicx que já vai enfiando os dedos tá errado (isso é violência obstétrica!). Deixei, já estava com 10 cm! E a bolsa íntegra...

Ela, de uma forma muito legal e fofa, disse: "Já tá tudo certo. Deixa ele vir, minha flor!" E eu : "Eu tô tentando!" (Nesse momento, eu, meu companheiro, minha doula e a equipe de enfermeiras obstetrizes, todo mundo que Paco fosse nascer em breve... Ledo engano!)

Fiz muita coisa desde que entrei naquele quarto... Nada me deixava confortável e a cada hora que passava mais eu entrava na partolândia... Apesar de alguns momentos de certo desespero (?!), teve um momento que fiquei de joelhos em cima da cama me apoiando na cabeceira totalmente em pé. Lá fiquei por horas, sentindo as contrações, fazendo força longa aos poucos, me concentrando na expulsão do Paco. Dali conseguimos que o pequeno se encaixasse mais, descesse mais, quisesse nascer mais... A enfermeira que me acompanhou no inicio a fim ficava monitorando o batimento cardíaco do Paco de hora em hora... Como ele tava superbem o que tinha que fazer é continuar a caminhada!

Mas a progressão foi pouca... E a bolsa íntegra. Por outro momento fiquei pensando alto: "Eu não sei mais o que faço para ele nascer..."

Engraçado que o corpo, não sei como, faz que com a gente ensaie um descanso meio as contrações e a ansiedade. Tive a impressão de quase dormir em alguns momentos em cima da cama, de joelho mesmo.

As contrações são outras coisas de outro mundo! Algumas vem super forte, quase insuportável e outras vem mais brandas, dando um pouco de conforto.

Muita massagem, muita dor, muita ansiedade depois, desci para tentar andar um pouco. Não deu, não dava, e o pior é que eu sabia que isso fazia bem, mas não conseguia andar. Por isso, sentei na cadeira cavalinho e lá fiquei. Finalmente! Conforto em meio as contrações!

Já no expulsivo - criança encaixada e contrações que praticamente te mandam fazer força -, comecei a perceber que algo tinha mudado. Sentia a cabeça do meu filho cada vez mais descida. Pedi para Rebeca me dizer o que estava acontecendo, ela tirou uma foto e me mostrou. Depois disso, foquei como nunca! "Agora vai!", pensei comigo. Resolvi cantarolar na minha cabeça "Feeling Good"...

A cada contração eu avaliava se fazia ou não força. Pois fazer força não é uma premissa para a contração. Você só faz força quando você quer fazer força, pois forçar a expulsão da criança sem o seu corpo pedir é ruim, faz mal sim! Só se faz força quando se deve/se quer e não quando x médicx manda/te obriga! Relatos e cenas que me deixam puta da vida é x médicx ou enfermeirx empurrando a barriga de uma parturiente para a criança nascer logo! Isso é violência obstétrica!

Quando teve essa mudança de cenário, a equipe voltou, pois tudo apontava para o nascimento. Linda cena, segundo Rebeca: eu sentada na cadeira, Rebeca de frente para mim, falando bem baixinho: "Falta pouco. Tá quase"; a equipe de 4 enfermeiras todas sentadas no chão esperando o Paco aparecer; e, Matheus logo atrás de mim, vendo tudo por um espelho para facilitar na hora que ele fosse aparar. Luz desligada... Silêncio... Eu chamava: "Vem Paco, vem meu filho... Aaahhh!!!" (E a bolsa íntegra)

Tem um momento muito doido que é logo antes da criança nascer mesmo, quando o corpo e as contrações param por um instante, meio que te deixam em paz, pois o quem vem é para dar cabo no processo. Me relataram que cheguei a tirar um cochilo no cavalinho! (Muitos médicxs nesse momento de descanso resolvem injetar ocitocina para a acelerar... Isso é violência obstétrica! Aliás, essa explicação foi dada por uma das enfermeiras da equipe que me acompanhou)

Pronto, nasceu! Nasceu aparado pelo pai, dentro da bolsa, me dando laceração de grau 1 (não sofri uma episiotomia desnecessária, que também é violência obstétrica!), todo duro/nada molenga, não chorou, me mijou as costas todas (sensação que sinto plenamente até hoje)...

Para mim, essa mijada de início de vida foi um aviso. Não tenho ideia de sobre o que! Mas aí eu seria a melhor mãe do planeta e não a pior se soubesse...

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sobre postagens e projetos

Então, mais uma vez, mais uma semana, mais uma postagem sem ser feita. Depois, mais uma semana se passou e nada...

No total de vida desse blog, já se foram três semanas sem postar. A primeira vez que deixei de postar, foi a vez em que voltei a fazer algo que me define: voltei a militância organizada dentro do PSTU. Uma parte de meu cotidiano que tinha deixado em pausa - e ainda não consegui retomar na medida em que gostaria, mas isso é processo - por conta do início de vida como mãe. Início de vida que me motivou a escrever e a criar esse blog - como tantxs outrxs.

E, por isso, essa postagem de agora é necessária para que eu não deixe de lado algo que já está me definindo. Desde que entrei no último trimestre da gravidez, deixei muita coisa de lado, por vários motivos: a rotina da casa junto do dia-a-dia do trabalho, cansaço do peso da gravidez, organização para a chegada do Paco, etc etc etc... Tudo vai acumulando e a licença-maternidade não chega, porque você quer aproveitar cada momento desse escasso tempo com x filhx nascidx, antes de voltar a trabalhar. Muita coisa ao mesmo tempo, sem falar na preparação psicológica que se tem para uma mudança eteeerna em sua vida - isso é muito tempo.

Por essas e outras que não dá para deixar de postar. Tem que se dar um compromisso, quase uma obrigação mesmo - uma obrigação d"a pior mãe do planeta" para com seu outro filho. Não dá para postar só quando surgir assunto, tem-se que criar assunto! Assim como no partido, eu me comprometi seriamente com esse projeto: uma postagem por semana. Compromisso feito, compromisso cumprido(!?). Pode-se reavaliar, assim como no partido, as melhoras formas de se cumprir com ele, mas deve ser cumprido e não fugir disso.

Estou fazendo essa comparação, pois a militância se reflete em vários lugares, momentos e formas. Encaro isso aqui como uma forma de desabafo militante, como se ser mãe fosse uma forma de militância. É mais uma faceta de como se dá seu posicionamento no mundo, na sociedade, e no que você acredita para romper - ou dar continuidade. No meu caso, esse projeto é um desabafo permeado de vontade politica/militante, pois, sinceramente, tem muita coisa com a qual eu discordo sobre a criação de crianças. E isso aqui é um compromisso com meu projeto de me expressar e falar sobre o que penso!

Falar o que se pensa, entre pessoas que possuem blogues e são blogueiras, não é uma novidade, mas não deixa de ser um compromisso que se faz. É necessário certa seriedade.

A manutenção e continuidade - e também a ruptura - de um projeto tem muito a ver com a forma com a qual você o encara e o realiza. Projetos têm uma finalidade (ou finalidades), ela pode ser utópica, um pouco fora da realidade e até mesmo ilusória, porém não deixa de ser uma finalidade. E, por isso, são importantes, precisam de comprometimento e algumas definições de como serem feitos. (Muito parecido quando se milita!!!)

Escrever é libertador! Tal como militar... No entanto, escrever de forma autoral (acho que é essa a palavra) é uma atividade em que você se solta e caga para o que os outros pensam. Tem a ver com você - isso, também, quando se escreve sem pudores de se expressar (pois quem escreve o que quer, lê o que não quer) -, principalmente quando uma das finalidades a qual se propõe é fazer x outrx refletir (!).

Minhas angústias de "pior mãe do planeta" são expressadas dessa forma escrevendo/militando/expressando. Sem falar que pessoas leem. Podem ser poucas, podem ser muitas, podem ser próximas, podem ser desconhecidas. Elas leem! É mais uma faceta desse compromisso, desse pequeno projeto: escrever para ler. E quanto mais se escreve, mais se cria assunto! Temas variados vão surgindo e você vai querer falar/escrever sobre eles.

(Nesse momento, meu companheiro me interrompe pela terceira vez... Isso é para todo mundo ter uma ideia de como é necessário levar o seu pequeno projeto a sério. Pois em breve a criança acorda e eu não acabei de escrever e a prioridade é amamentar!)

(E, agora, a quarta... Mas "tudo bem", ele tá lá dando tapinha na bunda do Paco para ele dormir mais um pouco)

Agora, esse é mais um projeto que tenho e é mais um compromisso que possuo... E tudo tem que ser prioridade!

Nos vemos semana que vem!(?)

P.S.: Alguém tem sugestão de melhor dia da semana para postagem?

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Um chá de camomila e um pote com amendoim

Essa postagem é uma postagem reflexiva. Reflete o que venho pensando e o como tem sido meus dias atualmente.

Acabei de me deparar com o seguinte fato: tenho que aprender a pensar com outra pessoa na minha cabeça. É difícil! Meus pensamentos não seguem uma linha coerente, me perco facilmente nas minhas reflexões, isso porque penso no Paco constantemente. Inclusive, nas poucas vezes que estive longe dele.

É um mundo novo nas costas. E é um mundo pesado, devo confessar. Não é fácil se deparar com o fato de que alguém depende de você. E, por mais que se ache que é até uma certa idade muito longínqua - tipo até uns 18/20 anos de idade, no mínimo -, me vejo agora vendo que a dependência de Paco pode ser que vá mais longe. Tipo... Para sempre!

Digo isso principalmente por ele existir e depender demais de meus pais em muita coisa ainda para que eu possa existir junto dele. E acho que vai ser para sempre também...

Nesse momento, ele está no colo do pai e olhando para mim... Isso é ao mesmo tempo maravilhoso e amedrontador! E diz muita coisa sobre o que vem pela frente. Muita coisa vem pela frente, é a única certeza que se dá para ter.

Hoje foi a primeira vez que me deparei com o costume. O costume de tê-lo por perto todo dia, toda hora. De ter que pensar o cotidiano para e com ele. Sem falar que ainda meus dias dependem muito mais dele do que ele do meu cotidiano. Dependo de seu humor, suas sonecas, suas mamadas, banho, etc, etc e etc... Meu dia é uma dependência e a vida dele depende de mim!

Seria, então, uma co-dependência?! Não sei, não sei mesmo... Até quando é assim? Acho que é para sempre... Com menos intensidade talvez, quem sabe. (Mas para sempre.)

O mais louco disso é que eu e meu companheiro também estamos no tempo de nos acostumarmos um com o outro. Bom, para quem não sabe, Matheus e eu nos conhecemos em junho do ano passado. Essa semana faremos um ano de "namoro". Fiquei grávida semana seguinte de oficializarmos nosso relacionamento. Na semana após a comemoração do nosso mês juntos nos deparamos com a novidade da gravidez.

Tudo muito corrido, rápido e sem intervalos. E estamos nessa até hoje. Nem perto de isso melhorar. E impossível disso ser diferente.

Nosso cotidiano não é nada como o "Cotidiano" de Chico Buarque. Não fazemos nada tudo igual, nem sempre acordamos com um sorriso, apesar de sempre pensarmos em cuidar um do outro - mesmo que às vezes é bem pouquinho - e, até então, não calamos a boca com nada (aliás, isso é meio que proibido). Sinceramente, isso também é cansativo, assim como o cotidiano rígido também pode ser.

A única coisa certa no meu dia é o horário de ir dormir, o ritual do sono que tantas mães, especialistas e outros falam. Não funciona só para o Paco, funciona para mim também. Para o Matheus, inclusive. Ir dormir... Ir dormir é um ritual sagrado... Isso não dá para não ter no não-cotidiano! Senão, ninguém aguenta! (Ninguém mesmo: nem eu, nem Paco, nem Matheus.)

Engraçado esse negócio de sono... Isso é tão sério, mas tão sério, que quando essa pequena regularidade é interrompida o dia seguinte é horrível! Ai! Esses não-cotidianos necessitam de boas noites de sonos (boas noites de sono foi exagero, eu sei, ninguém que tem recém-nascido em casa tem boa noite de sono... mas uma noite que você sabe como vai começar e como vai terminar é um alívio sem igual!)

terça-feira, 24 de junho de 2014

O adestramento de bebês (um post um pouco mais sério do que de costume)

Lendo algumas centenas de artigos na internet sobre criação, bebês, cotidiano da criança, métodos eficazes e etc, me deparei com uma sensação: me parece que a grande maioria do teóricos infantis querem ADESTRAR as crianças desde o seu nascimento. Parecem esquecer que tratamos de pequeninos seres humanos e não cachorros. Seres humanos que, por mais instintivos sejam, tem vontades e desejos como todos nós - adultos que raciocinam e refletem sobre sua vida, tão livres quanto os passarinhos (só que não!).

A impressão que me dá é que nos deparamos com uma gama de pediatras, médicos, filósofos, palpiteiros e tantos outros que se convenceram - e querem nos convencer - que o correto é adaptarmo-nos (e as nossas crianças) à pressão da sociedade capitalista. Sociedade focada no trabalho e num cotidiano rígido, de horários rígidos, com regras rígidas, rígida, rígido, rígidas, rígidos... AAAHHH!!! Se a gente que é adulta não gosta, não se adapta facilmente, porque cargas d'água queremos que nossxs filhxs gostem e se adaptem logo, rápido e rasteiro a isso???

"Não se deve pegar o bebê no colo para não mimá-los". Oi? Como se mima um bebê? Dando atenção e segurança necessárias e, ao mesmo tempo, evitando que chorem?

"É bom deixar chorar um pouco no berço, pois senão eles vão chorar sempre". Ah, tá! Então quer dizer que você gosta de ficar chorando cântaros, se esgoelando, sozinho no escuro dentro de um cercado, sem ninguém para te consolar... Aham!

"Não se deve deixar a criança dormir na sua cama ou no seu quarto depois de 3 meses, senão eles nunca irão dormir sozinhos". É, até hoje sinto falta de dormir com meus pais na cama deles. Nossa! Como eu queria dormir no quarto deles: eles, eu, meu companheiro e meu filho.

"Tem que tomar cuidado, pois crianças podem ser manipuladoras se não derem-lhe limites" Sim, isso faz todo o sentido do mundo... Como se essa necessidade de colocar regras e limites não fossem uma forma de manipular as crianças.

Meu companheiro tem um adesivo colado em seu laptop com uma frase do Michel Odent, "Para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a forma de nascer" - o adesivo foi uma forma dele contribuir para o filme "O renascimento do parto". Não concordo por inteiro com essa frase, mas acho que entendo o objetivo dele ao falá-la. Existe um esforço imensurável em desde a concepção em fazer da criação uma reprodução do ser ao nosso modo de vida. Leio nessa frase uma tentativa de dizer que para mudar o mundo é necessário romper com as teorias e formas de criação que tentam criar pequenos seres adaptados ao mundo onde vivem. Aceitar as regras e os limites desde sempre, para mim, é criar adultxs adaptadxs e não adultos transformadores (taí minha parte militante falando alto!).

Isso vai mais além do que simplesmente criar uma criança capaz de respeitar as pessoas, ser sensível e solidária, de saber distinguir o certo do errado etc etc etc... Se fosse isso, viveríamos num mundo de arco-íris... E não vivemos! Não vivemos num mundo em que as diferenças são respeitadas - culturalmente, socialmente, individualmente falando. Vivemos num mundo oposto a isso! Acredito que existem pessoas adultas que já perceberam isso e que fazem de tudo para mudá-lo. Mas também vejo que muitas dessas pessoas, sem querer (e acreditando nessas teorias), acabam por optar por uma criação adaptativa e não transformadora.

Companheiros de luta, extremamente esclarecidos e compreensivos, que não percebem, ou simplesmente não acreditam, nas suas capacidades enquanto pais e mães em criar seus filhxs a sua maneira. Focam mais na rigidez do que no afeto, focam mais em pensar no problema do mimo do que aproveitar o contato físico, focam no medo de seus filhxs serem pequenxs manipuladorxs e mandarem nelxs do que focar em demonstrar e falar sobre o amor que sentem por eles.

Só quero deixar muitíssimo claro: a pior mãe do planeta não tem teoria NENHUMA! Não tenho estudo nem habilitação para dizer o que é certo ou errado, inclusive, não acredito muito nessa dicotomia aí. O que tenho é um incômodo em relação a essas teorias pois, para mim, mais uma vez, me fazem acreditar que é sim uma adaptação ao nosso modo de vida - capitalista, focada no trabalho, com horários rígidos e que necessitam de adultos obedientes e facilmente reprimíveis.

Como péssima blogueira, serei piegas e com muito orgulho: o AMOR é transformador! Principalmente quando estamos falando de crianças.

Voltando a frase do Odent, o parir de um jeito diferente, sem massivas intervenções médicas e admitir que a grande maioria das mulheres sabem parir - mesmo com tanta tecnologia disponível - pode ser um admitir que mães e pais são capazes sim de criar seres sem grandes intervenções externas. E isso é transformador. Pois, como assim você conseguiu parir sem um médico te dizendo o que fazer? Como assim você conseguiu criar uma criança sem castigá-la, puni-la, ser rígido e não mimar?

Acho que esse post tem muitas nuances e muitos níveis de discussão, por isso vou terminá-lo aqui e retomarei os vários assuntos aqui abordados em outras postagens. Porém, deixo aqui uma provocação: estamos criando nossas crianças e filhxs para serem adultxs transformadores ou facilmente adaptáveis?

Como a pior mãe do planeta, sempre vou questionar as teorias que apresentam caminhos fáceis de criação por meio do adestramento. Como militante, minha experiência diz que nenhum fim justifica o meio, inclusive é o meio que faz chegar a um fim. E, para mim, querer uma criança obediente, quietinha, "boazinha" dentro de casa é querer uma criança adestrada.

(Mas vai que eu queimo a minha língua...)

segunda-feira, 16 de junho de 2014

A volta! (ai ai ai ui ui)

Bom, semana passada foi impossível fazer uma postagem... Que bom!

Brincadeira! Mas é que teve um motivo, um bom motivo. Como já disse: tudo comigo é a passos de formiguinha na velocidade de uma tartaruga. Isso em todos os momentos da vida: minha maior autonomia como mãe, meus relatórios para o trabalho, arrumar a casa após mudança (ainda tem caixa para arrumar!) e, o que me deixou bem feliz, a volta oficial a minha militância - aquela organizada, centralizada, focada, etc etc etc no PSTU (já disse que mesmo com diferenças políticas com os possíveis leitores, isso não muda... rsrsrs).

Fiz o esforço necessário e fui bem recompensada, foi pouco, mas foi o suficiente! Fiquei tirando leite desde o dia anterior, combinei todos os cenários possíveis e imagináveis com meu companheiro, caso desse algo errado ou surgisse alguma emergência, e fui lá passar 5 HORAS longe do meu pequeno risonho. Nossa, 5 HORAS sem Paco! 5 HORAS sem saber de choro, de riso, de leite, de fralda, de nada a ver com ele (diretamente falando, porque minha militância, na verdade, tem tudo a ver com ele).

Foi tão bom! Foi bom saber que é possível fazer isso: é possível fazer parte de algo tão importante para mim como pessoa mesmo, algo que me define de um jeito tão grande, e ao mesmo tempo saber que a criança sobrevive sem mim por algum tempo. Em breve, isso tudo fica mais fácil e aí a própria criança já vai poder fazer parte desse mundo de forma mais tranquila - até porque há um grandíssimo investimento para que Paco faça parte da nova geração que dirigirá a revolução. Mas por enquanto não dá! E isso não quer dizer que não deve dar para mim.

E, claro que inspirada nisso, fui ao ato aqui no RJ no dia seguinte. Fomos eu e meu companheiro (relembrando, ele é PSOL e eu PSTU, isso tem que ficar registrado!). Deixamos a criança com a minha mãe (aquela que tem uma puta de uma vocação para ser avó) e fomos lá, nós dois - e mais umas 5 mil pessoas! =]

Essas coisas me inspiram. Inspiram tanto a minha esperança de que a minha intervenção na sociedade faz diferença quanto a minha atuação como mãe faz diferença no meu filho.

Dessa vez foram menos horas sem a criança: somente 3 horinhas - também tirei leite e deixei minha mãe com milhares de recomendações! Também valeu a pena. Até porque, todo mundo que reencontrei na 4a e na 5a ficaram tão felizes em me rever, foram tão receptivos e completamente compreensivos com o fato dessa mãe de primeira viagem conseguir sair de casa sozinha, sem nada e ninguém, somente agora. Sem falar que o meu filho já foi eleito a criança mais fofa, bela, linda, gostosa, simpática, sem comparação de 2014 (e ai de quem disser o contrário)! =P

É uma boa perspectiva essa em que se vê que tudo é possível com umx filhx. Inclusive, as possibilidades tendem a aumentar... Vai que essa dele fazer parte da direção da revolução cola mesmo!

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Meu pequeno risonho

Meu filho ri! Sim, ele só tem um pouco mais que um mês de vida e ri.

Acho isso muito engraçado, pois tenho total consciência de que é mero reflexo da minha própria expressão facial. Porém, faço questão de dar bom dia de manhã quando ele acorda, com um sorriso bem legal no rosto somente para vê-lo abrir aquela boca banguela deliciosa para mim. Ele faz um cara de maroto!

Antes de perceber que ele sorri para mim quando sorrio para ele, achava que Paco era um bebê chorão. Coitado! A cólica me fez achar que ele faria parte de uma dessas crianças que chora e chora e chora e... Tal pensamento me deu certa aflição - assim como em meu irmão quando numa certa vez veio com a pergunta: "mas Julia, essa é a realidade?", devo confessar que caí na gargalhada -, mas logo percebi que se assim fosse, assim seria. Não o é, para meu alívio...

Ele é desses que fica com os braços abertos e as pernas balançando, deitado de costas no sofá e rindo para quem conversar com ele. Pode ser uma ilusão minha (de mãe sem noção) também... Como acho que ele é tranquilo quando não sofre de cólica e prisão de ventre (o mais novo problema que o aflige), defendo com unhas e dentes sua serenidade e felicidade! (E ai de quem fale o contrário!).

Diante da aflição inicial, repito e reitero: fico extremamente aliviada em saber que ele é uma criança tranquila! Sério, provavelmente eu serei uma mãe menos pior por causa disso... Ou teria que desenvolver uma paciência materna que não viria só com o amor, mas com o tempo! Sem falar que a vida fica mais tranquila, e eu gosto muito de pensar nesses termos.

Os problemas vão aparecer, antes era a cólica, agora é a prisão de ventre, que acarreta num outro problema: a falta de sono... É um conjunto de coisas, uma conjunção de fatos/problemas/questões/resoluções/sentimentos que dão aflição - em mim, no meu irmão, no meu companheiro, na minha mãe...

terça-feira, 27 de maio de 2014

Cólica, dor, simeticona e instinto...

Quem nunca sofreu com um bebê com cólica, com certeza tem uma benção!

Meu filho, pobre criança recém nascida nesse mundo sofrido, já percebeu que o lugar onde vive é duro e doloroso. E que algumas coisas só se resolvem com a bendita da simeticona! Por favor, antes de mais nada, não achem que eu estou fazendo propaganda ou sendo paga para divulgar esse componente químico glorioso, somente estou relatando algo pragmático que, de certa forma, resolveu alguns probleminhas aqui em casa.

Continuando... Para simplesmente adicionar informação para quem lê: Paco sofre de cólicas desde que nasceu e começou usar seu pequenino sistema digestivo! Não quero nem saber e ler qualquer artigo ou comentário que possa me provar o contrário. Desde sempre embalamos a criança tanto na maternidade quanto em casa para fazê-la dormir, apesar de um choro de dar uma pena imensurável. Odeio quando leio o "mais ou menos, a partir de 2 semanas de vida, o recém-nascido pode começar a sofrer de cólicas e blábláblá", sério, e aposto que se eu lançar a enquete de "Com quanto tempo de vida seu bebê começou a sentir cólica", vai chover de 1ª semana para cá, nos primeiros 5 dias para lá.

Enfim, continuando²... Não, não fui dessas pessoas que fui nx pediatra para saber o que poderia dar para um recém-nascido de 16 dias, na sua primeira aventura entre as drogas que a medicina e a tecnologia nos fornecem. Tudo bem que fui no dia seguinte, mas foi pura coincidência mesmo! Comprei o remédio e no mesmo dia dei - e com grande incentivo do meu compa, diga-se de passagem (rsrsrs). Forneci um alívio ao rebento que ninguém estava conseguindo fornecer. E, por mais que haja toda boa vontade do mundo para tentar acabar com o tal do sofrimento, tem horas que só uma droguinha para dar o auxílio que queremos.

Não fui tão desnaturada assim e obviamente perguntei à pediatra se podia dar a tal da simeticona para o Paco. Porém, se não fosse a coincidência da consulta conseguida de última na hora no dia seguinte a iniciada viagem de destruição de bolhas de gás e dores por causa do intestino tão imaturo de meu filho, fosse a data que fosse, iria dar o tal do remédio para ele, pelo simples fato dele ter resolvido o problema!

Não vou deixar aqui nenhuma orientação para uso de remédio de forma irresponsável e indiscriminada (deixo para fazer isso em casa, eu com meu companheiro e filho para não gerar problemas para os outros!), nem acredito nessa prática para dizer a verdade. Mas às vezes a dor é tanta, assim como seu sofrimento por ver um ser tão pequeno sofrer como um bichinho, que lanço mão desses sensos comuns mesmo - e provavelmente essa não será a única vez (falta experimentar a tal da funchicória).

E para falar a verdade, não me arrependo! Acho que é necessário seguirmos alguns instintos nossos - mesmo quando laçamos mão de algo tão técnico -, principalmente quando todo o carinho e paciência do mundo com o choro de cólica não dão conta. Às vezes a massagem, o banho quente, o sling apertando a barriguinha dele na minha e o colo gostoso de quem o pega não dão conta, e é necessário aceitar isso... =(

Acredito muito nesse tal de instinto que muitas vezes deixamos de lado... Na verdade é uma mistura de instinto com racionalidade, não dá para explicar muito bem. Mas acho que todo mundo já ouviu uma voz inaudível ou sentiu um frio sem vento que te dá carta branca para resolver os problemas a sua maneira. Não digo isso por que acho que mãe tem instinto materno e nada se compara! Pai tem instinto paterno, avós tem instintos de avós, tixs tem instintos de tixs e por aí vai, etc, etc, etc...

Bom, vamos ver qual vai ser a outra droga da medicina que lançarei mão por conta dessa carta branca instintiva! (kkkkkkkkk)

terça-feira, 20 de maio de 2014

Graças às muletas... (FDS nos pais)

Bom, esse final de semana foi quase que inteiramente passado na casa dos meus pais. Meu querido companheiro foi quase que intimado a comparecer ao encontro municipal do PSOL (sim, ele é do PSOL e eu sou do PSTU e outro dia farei uma postagem especificamente sobre isso), em Niterói. Devo confessar que sinto uma mistura de inveja com raiva, pouca coisa - bem pouca mesmo (juro!) -, pois tenho me virado bem só com o Paco e minha mãe lá em casa, mas senti o que senti. Aliás, sinto falta da minha militância orgânica, centralizada, dura, bolche, etc, etc e etc... Fora as diferenças políticas que possa haver com alguns leitores, essa vida de discussão política me pega pelo pé, mesmo sendo muito difícil dar cabo dela durante esse período de adaptação.

Não sou das mais regradas, mas sempre tive um palpite a dar. Coisas da militância que nunca te deixa assim que tu começa. Infelizmente, tô dando uma pausa em algo que me faz desse jeito que sou, e sinto um misto de coisas pelo fato de meu companheiro não estar na mesma situação que eu. Ele não precisa. Ele não porta as tetas que alimentam nosso filho!

Enfim, a questão principal nisso tudo: ainda bem que fiquei na casa dos meus pais durante esse tempo dele fora. De outra forma, não sei com seria. Houve muitos poucos momentos em que fiquei sozinha com Paco. Momentos que me geraram insegurança, mas pelos quais passei assim mesmo. Não tinha outra maneira. São passos de formiga na velocidade de uma tartaruga. Todo mundo tem um processo e esse é o meu, bem leeento, devagaaar!

Matheus diz que às vezes faço minha mãe de muleta. E faço mesmo! Meu filho não tem nem um mês, ora pipocas! Sem falar que que minhas muletas não negam fogo, estão presentes.Também, "a pior mãe do planeta" não seria a pior mãe do planeta se não fizesse isso... Mal sabe ele que também faço ele de muleta. Ao meu ver, fazer algumas pessoas primordiais de muleta é necessário. Quem não pode contar com suas muletas durante seu processo de adaptação ao filhx, passa um perrengue da porra!

Já li e presenciei relatos que me deixaram aflita - e me sentindo um cocô de gente por não conseguir fazer igual. Pessoas que passaram por isso tudo - choros, cólicas, noites sem dormir, fraldas cagadas/mijadas infintas - quase que sozinhas ou com muito pouca assistência, tem minha total admiração. Eu não sei o que faria sem! Por isso, agradeço de coração as minhas muletas: pai, mãe, companheiro e a todxs que de alguma forma se ofereceram a ficar com o Paco (e comigo, por tabela).

(Momento bonito de agradecimento passado, ainda guardo essa invejinha/raivinha/chateaçãozinha/e outras inhas...)

sexta-feira, 16 de maio de 2014

A pior mãe do planeta faz sua primeira postagem!

Hoje é uma sexta-feira, oficialmente 22h! Estou aqui escrevendo a primeira publicação no meu blog.

Sabe-se lá o porquê de estar escrevendo, mas tive a necessidade de escrever sobre essa fase que se iniciou, concretamente, no dia 22/04/2014, às 13h21: o nascimento do meu filho Paco. Daqui em diante vocês vão entender esse nome tão peculiar que decidi colocar!

Não que eu me considere de fato "a pior mãe do planeta", mas acho que a frustração, alguns fatos do cotidiano e uns tantos pensamentos pessoais meus podem me fazer pensar ou crer que sou "a pior mãe do planeta". Enfim, essa ferramenta desse universo imenso que é a internet me fará desabafar sobre coisas que sinto, penso, faço, (re)produzo, enxergo, critico, exalto, planejo, viajo, etc, etc, etc... Pelo menos é no que acredito.

Sem mais delongas e enrolações, aqui vai uma prévia.

Como já bem disse no início do texto, hoje é sexta-feira, e agora são 22h08. Minha mãe, e não eu, está com minha cria de 24 dias no colo, com cólica (que foi identificada no 5º dia de sua existência, diga-se de passagem), tentando fazê-lo dormir. Minha mãe sempre se prontifica em pegá-lo para ninar e eu NUNCA digo "não". SEMPRE me aproveito de sua incrível vocação para ser avó e sua vontade constante de ficar com ele.

Não me incomodo nem um pouco de outras pessoas, de total confiança minha (é claro!), pegá-lo no colo e trocar suas fraldas. Meu instinto não proíbe que mais alguém possa desfrutar de seu incrível cheiro (que já tá modificando), limpá-lo, fazer rir e ninar. Ele é totalmente demais e por isso entendo a necessidade dos outros em querer ficar um momentinho com ele. Afinal de contas, eu fico com ele 24 horas por dia, 7 dias na semana, nas mamadas, nas trocas de fraldas, nas dormidas, nas não dormidas, nos passeios no quarteirão, nos banhos de sol na pracinha e em casa... Ou seja, em tudo!

Meu papel como mãe seria estar sempre com ele, 24 horas por dia, 7 dias na semana. Deveria ter esse instinto magnânimo de proteção e desejar fazer tudo para ele! No entanto, essa não sou eu... Eu adoro dar de mamar, só que imediatamente depois quero que alguém o coloque para arrotar e dormir. Adoro niná-lo, mas se a coisa tá muito difícil e os braços doem, recorro ao companheiro ou minha mãe para fazê-lo. Uso o sling com prazer durante o tempo de suas cólicas para dar conforto a esse ser tão pequeno e novo, entretanto, se meu controle sobre seu corpo estiver no limiar do impossível entrego ele a alguém, facilmente. Posso já relatar essas pequenas coisas do dia-a-dia e chegar a conclusão de que sou "a pior mãe do planeta".

Enfim, esse é o início! A primeira postagem de outras que em breve virão sobre essa conclusão na qual posso chegar - sem querer...