quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Isso não é uma democracia! Isso é uma família!

O título dessa postagem é uma máxima minha que roubei, desde que ouvi no filme "A Partilha" e constituí família (o filme vi tem anos, a família foi feita rapidíssima esse ano), falo e reproduzo sem parar. Por favor, não achem que eu seja a pior mãe do planeta por que serei uma mãe autoritária e que meu filho terá que fazer tudo que eu mandar sem me questionar. Por favor, NÃO!!! Eu sou a pior mãe do planeta exatamente pelo contrário: a permissividade! o.0

Mas vamos combinar que é mais ou menos isso: famílias não são democráticas, elas são famílias e ponto. Imbuídas de moralismos e conservadorismos que, por mais que queiramos evitar, ditam muitos pensamentos nossos meio às vivências do cotidiano. Inclusive, família é tão não-democrática que, eu como mãe (e provavelmente meu companheiro também), lutamos contra essa característica desde que Paco nasceu.

Eu e Matheus conversamos sobre a criação de Paco quase que todo dia! E, antes mesmo do Matheus (e do Paco), eu já tinha pensamentos próprios... Pensamentos que rechaçam não concordam com a ideia de que "criança não sabe e, por isso, cabe aos adultos ensinar", "criança não tem que querer", "eu [pessoa adulta] sei o que é melhor para você [pessoa criança]", "mãe tem que dizer não(!)", "uma palmadinha [cheia de 'inhas' na entonação] não dói", etc etc etc... Eu ODEIO cada uma dessas frases. Odeio MESMO!

(Nesse momento, com certeza vai ter alguém que vai pensar e até mesmo falar "quero ver só quando chegar a hora, se vai ser toda compreensiva" ou "iiihhh, essa criança vai ser sem limites, um tirano em potencial")

Meu companheiro fala que vivemos numa sociedade "adultocentrista". Um lugar onde focamos nx adultx, nas vontades dxs adultxs, na "sabedoria" dxs adultxs, nas decisões dxs adultxs... De fato, ela é uma sociedade muito adulta: tem respeito quase que nenhum pelas crianças. Criança não tem opinião! E, desde que tive a incrível experiência de trabalhar com crianças e adolescentes, me chateia muito saber que o que é incentivado é criarmos crianças - pequenas pessoas, futurxs adultxs - a reproduzir e fazer tudo sem questionar, sem refletir - ou só refletir quando queremos que reflita e sobre algo que já temos uma conclusão na qual queremos que elas cheguem.

Daí eu não entendo uma coisa: COMO A GENTE EXIGE UMA MUDANÇA DO MUNDO SE NÃO PERMITIMOS QUE AS CRIANÇAS QUESTIONEM E MODIFIQUEM A NOSSA FORMA DE PENSAR???

Carambolas!!! Será que não dá para compreender que se a gente quer que as crianças somente reproduzam os nosso pensamentos, elas vão fazer isso do início ao fim das vidas delas? Criança tem vontades, e não é a sua nem a minha vontade. Criança tem opinião, e não é a sua ou a minha opinião. Criança adquire conhecimento, pois tem uma sede absurda de curiosidade. Criança tem uma forma própria de investigar o mundo e tudo que a gente faz é limitar cada vez mais essa forma. Limitamos cada vez mais a vontade de conhecimento das nossas crianças.

Chego a conclusão de que, se a "Democracia" que queremos preservar é essa que impomos às crianças, de fato, esse troço aqui que eu construo não é uma democracia, é uma FAMÍLIA! E espero que uma das mais BÁRBARAS!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário